- 22/05/2020
- por Resenha Politika
Saúde
Amplo estudo aponta maior risco de morte em tratamento com hidroxicloroquina
Um novo estudo publicado na revista médica The Lancet nesta sexta-feira (22) afirma que pacientes infectados pelo novo coronavírus tratados com hidroxicloroquina ou cloroquina têm maior probabilidade de morrer ou de desenvolver arritmias cardíacas perigosas.
O medicamento teve seu protocolo de uso alterado no Brasil nesta semana pelo Ministério da Saúde, que passou a recomendar seu uso mesmo em casos com sintomas leves. Essa mudança está entre os principais motivos que causaram a demissão de Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta do cargo de ministro da Saúde.
Os pesquisadores analisaram dados de 96.032 mil pacientes com Covid-19 de 671 hospitais. Todos foram hospitalizados do final de dezembro a meados de abril e morreram ou tiveram alta médica até 21 de abril.
Ao todo, foram analisados 14.888 pacientes tratados com uma das drogas – apenas hidroxicloroquina (1.868), cloroquina (3.016) – ou um desses medicamentos combinados com um antibiótico – cloroquina e antibiótico (3.783) ou hidroxicloroquina com antibiótico (6.221). Foi formado também um grupo de controle com 81.144 pessoas que não receberam nenhum desses tratamentos.
No grupo de controle, cerca de 1 em cada 11 internados morreu (9,3%). Já entre os tratados com as quatro combinações possíveis das drogas, foi verificado um maior risco de morte no hospital.
Considerando o tratamento apenas com cloroquina ou apenas com hidroxicloroquina, a taxa de morte foi de cerca de 1 paciente a cada 6 internados (16% no caso da cloroquina e 18% no uso da hidroxicloroquina).
Nas combinações de cloroquina e um antibiótico, as mortes foram de mais de 1 em cada 5 (22,2%) e, por fim, quando a hidroxicloroquina foi combinada com antibiótico esse índice ficou quase 1 morte a cada 4 tratamentos (23,8%).
Os pesquisadores também descobriram que arritmias cardíacas graves foram mais comuns entre os pacientes que receberam qualquer um dos quatro tratamentos. O maior aumento foi entre o grupo tratado com hidroxicloroquina e antibiótico: 8% desses pacientes desenvolveram arritmia cardíaca, em comparação com 0,3% dos pacientes no grupo de controle.