• 11/03/2019
  • por Resenha Politika

Brasília

Bolsonaro divulga relato deturpado de conversa de jornalista

Bolsonaro divulga relato deturpado de conversa de jornalista

presidente Jair Bolsonaro divulgou em sua conta oficial no Twitter, neste domingo (10), um relato deturpado de uma conversa de uma jornalista do jornal O Estado de S. Paulo com uma pessoa não identificada.

No texto, Bolsonaro diz que "querem derrubar o governo com chantagens, desinformações e vazamentos".

A postagem vem acompanhada de um áudio cuja transcrição dos trechos audíveis não coincidem com a interpretação que o presidente faz das falas.

Ele afirma que a jornalista Constança Rezende disse "querer arruinar a vida de Flávio Bolsonaro e buscar o impeachment do presidente Jair Bolsonaro".

+ Campanha Lula Livre passa por ajuste e quer oposição a Bolsonaro

+ Após 5 anos de operação, Lava Jato mantém foco em 'núcleo político'

Na gravação, a repórter fala sobre o caso de Fabrício Queiroz, o ex-funcionário do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) que recebia dinheiro de outros assessores do filho do presidente em sua conta corrente.

No trecho divulgado pelo presidente, a jornalista diz que o caso "pode comprometer, pode arruinar Bolsonaro". A repórter ainda diz, durante a conversa, que se preocupa com a possibilidade de que as investigações não avancem porque este poderia ser "um caso de impeachment".

Em texto publicado sobre o episódio na noite deste domingo, o jornal O Estado de S. Paulo diz que a jornalista "não fala em 'intenção' de arruinar o governo ou o presidente".

"A conversa, em inglês, tem frases truncadas e com pausas. Apenas trechos selecionados foram divulgados. Em determinado momento, a repórter avalia que 'o caso pode comprometer' e que 'está arruinando Bolsonaro', mas não relaciona seu trabalho a nenhuma intenção nesse sentido", afirma a reportagem.

A interpretação deturpada da conversa da jornalista foi inicialmente publicada nas redes pelo site Terça Livre. A plataforma é alimentada por apoiadores de Bolsonaro.

Ainda segundo o jornal Estado de S. Paulo, as frases da gravação foram retiradas de uma conversa que a repórter teve em 23 de janeiro com uma pessoa que se apresentou como Alex MacAllister, "suposto estudante interessado em fazer um estudo comparativo entre Donald Trump e Jair Bolsonaro".

Nas redes bolsonaristas, a voz do homem que faz perguntas à jornalista foi digitalmente modificada. A dela não.

O caso de Fabrício Queiroz é investigado pelo Ministério Público do Rio. O ex-assessor recebeu dinheiro de pelo menos nove pessoas que trabalhavam no gabinete de Flávio Bolsonaro e movimentou R$ 1,2 milhão em sua conta corrente, valor incompatível com sua renda.

Flávio atribuiu a Queiroz a contratação, em seu gabinete na Assembleia do Rio, de parentes de policiais ligados ao Escritório do Crime, grupo de milicianos que, entre outros crimes, é suspeito de participação no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).

Queiroz, em depoimento ao Ministério Público por escrito, disse que recebia dinheiro de colegas para ampliar o trabalho parlamentar do filho de Bolsonaro. 

Comentários