• 14/01/2021
  • por Resenha Politika

Saúde Pública

Cobertura pesa mais que eficácia da vacina para combater covid

Cobertura pesa mais que eficácia da vacina para combater covid

Dar início a uma campanha de vacinação, como diversos países já fizeram e o Brasil fará neste mês, segundo o ministro da Saúde, é o primeiro passo rumo ao controle da pandemia. Entretanto, o alcance dessa realidade depende mais da cobertura vacinal do que da eficácia dos produtos utilizados.

"Para eu ter o controle [da pandemia], eu preciso de uma grande parcela da população vacinada, independente da vacina usada", afirma a pediatra Flávia Bravo, diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações). "Conforme mais doses de vacinas chegarem e a gente conseguir vacinar mais pessoas, eu consigo diminuir a circulação [do vírus] e aí posso pensar em controle da pandemia", completa.

O virologista e biólogo Flávio Guimarães da Fonseca, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia e membro do Centro de Tecnologia em Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que uma vacina tem dois objetivos principais: a nível comunitário, ela deve bloquear a circulação do agente infeccioso por meio da imunidade coletiva e individualmente, precisa proteger a pessoa desse agente e da doença causada por ele.

Desafio para atingir imunidade coletiva

"Uma vacina com a taxa de eficácia baixa, começa a ter dificuldade para atingir o primeiro objetivo", observa. É por isso que tanto ele como Flávia observam que quanto menor a eficácia de uma vacina, maior deve ser a quantidade de pessoas imunizadas para que a doença fique sob controle na comunidade.

Fonseca usa como exemplo uma vacina com eficácia de 50%. "Se você tem a população inteira suscetível ao vírus e consegue vacinar toda essa população, ainda assim, 50% das pessoas ficariam suscetíveis. Então, você não atingiria os 60% necessários para alcançar a imunidade coletiva ou de rebanho", descreve.

Ele acrescenta, porém, que é preciso incluir nesse cálculo as pessoas que já tiveram covid-19 e adquiriram imunidade natural contra a doença, mesmo que ainda não se saiba por quanto tempo dura essa proteção. 

"Hoje 20% da população brasileira já está imunizada pela própria infecção. Vamos supor que eu consiga vacinar 80%, então 40% ficam resistentes ao vírus e aí você alcança os 60% que conferem imunidade coletiva", esclarece.

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