• 15/05/2024
  • por Resenha Politika

Cultura

Restaurado em 4K, ‘A Hora da Estrela’ volta aos cinemas nesta quinta; o longa rendeu a atriz cajazeirense Marcélia Cartaxo, o Urso de Prata de Berlim

Restaurado em 4K, ‘A Hora da Estrela’ volta aos cinemas nesta quinta; o longa rendeu a atriz cajazeirense Marcélia Cartaxo, o Urso de Prata de Berlim

A hora da estrela, icônica obra de Suzana Amaral inspirado no clássico de Clarice Lispector, voltará aos cinemas dia 16 de maio, numa versão digitalizada em 4K. O longa rendeu a atriz natural de Cajazeiras, Marcélia Cartaxo, o Urso de Prata de Melhor Atriz, no Festival de Berlim em 1986, e uma série de prêmios no Festival de Brasília, em 1985, levando os prêmios de Melhor Filme, Direção, Roteiro, Fotografia, Montagem, Cenografia, Trilha Sonora, Atriz, Ator (José Dumont), além dos prêmios de Melhor Filme do júri popular e da crítica.

O filme conta a história de Macabéa, migrante nordestina que, após a morte da tia, se muda para o Rio de Janeiro. Lá, emprega-se como datilógrafa e se apaixona por Olímpio de Jesus – que a trai com sua colega de trabalho.

Em entrevista à Revista do NESEF, da Universidade Federal do Paraná, publicada em 2018, Suzana Amaral comenta: “A representatividade de A hora da estrela está diretamente ligada à sua materialidade. Tudo começa pela escolha da obra. Na NYU (New York University), tive um professor de roteiro que nos orientava dizendo que, para adaptar, nunca procure um livro grande, mas um livro fininho, para fazer uma recriação da obra, que é mais do que resumir a narrativa. Procure um livro cujo espírito pode ser analisado por você.”

“Desde adolescente gostava de Clarisse Lispector. Seus livros eram misteriosos, eu me identificava com eles. Fui na biblioteca da NYU, que tem uma bela coleção de literatura brasileira, e, com o dedo, achei o mais fininho. A hora da estrela foi um filme que saltou da prateleira para minhas mãos. Ao ler, saquei que Macabéa é a metáfora do Brasil, pois, fora do Brasil, você descobre o Brasil.”

“Eu não adapto obras literárias, eu as transmuto. Eu transformo o livro depois de uma análise profunda, quando vou ao cerne do livro, ao coração do livro, no subtexto. Eu entro no espírito do livro e de seus fatos mais importantes. Eu faço uma recriação. Não tenho respeito nem escrúpulo algum. Sempre deu certo, em todos os meus filmes. Clarice dizia: ‘O que importa não são as palavras, é o que está atrás das palavras’. Junto com meu extrato íntimo, faço uma simbiose entre mim e o autor. Assim nasce a transmutação, ou seja, meu filme.”

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