Transposição: abastecimento d’água para consumo humano é realidade em vila produtiva no Cariri da PB

As 61 famílias reassentadas da Vila Produtiva Rural Lafayette, localizada no eixo leste, meta3 L, do Projeto de Integração do São Francisco (Pisf), em Monteiro, no Cariri paraibano, vivem a expectativa da entrega de lotes irrigados pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR). Os lotes irrigados, que ficam localizados em terrenos anexos da própria vila, são previstos no Pisf e cobrados pelo MPF desde 2017, para que todas as famílias reassentadas possam produzir alimentos, garantindo assim autonomia, renda e dignidade.

Segundo destaca o presidente da associação da vila, Luciano dos Santos, “a água para consumo humano existe, mas uma vila produtiva precisa produzir, verdadeiramente. A obra do bombeamento para puxar água do canal do Pisf para os lotes já está avançada. Mas além dos lotes irrigados, que proporcionarão maior produção e desenvolvimento para a vila e para Monteiro, nós reassentados temos a preocupação que o governo disponibilize também o maquinário adequado para produção. Que funcionem os tratores e guardem as enxadas, e não teremos fome nunca mais”, disse Luciano, informando que, recentemente, agricultores da Vila Lafayette fizeram uma visita técnica em Petrolina, no Sertão pernambucano, para conhecer o cultivo da uva na região.

Aguinaldo Freitas, vice-presidente da vila, espera que a irrigação chegue logo para o efetivo desenvolvimento local, conforme prevê o Pisf. Ele destaca, ainda, a preocupação sobre como vai ser a manutenção e o andamento da produção a partir da chegada da irrigação nos lotes, e espera apoio dos governos federal, estadual e municipal.

Água para consumo humano – Em visita realizada pelo Ministério Público Federal (MF) na vila, na semana passada, foi constatado que o abastecimento de água para consumo humano, com água da Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba (Cagepa), é uma realidade, embora alguns moradores relatem que nem todos os dias a água fica disponível nas torneiras. Após reiteradas cobranças do Ministério Público, e assinatura de termo de ajustamento de conduta (TAC) promovido pelo MPF e Ministério Público da Paraíba, foi feito o sistema de abastecimento na vila, pela Cagepa, o que deu mais dignidade às famílias reassentadas.

A agricultora reassentada Maria Gorete de Araújo, que cultiva hortaliças na vila, comemora o fato de ter água nas torneiras e ressaltou que os lotes irrigados podem representar a redenção das famílias. “No início, tivemos dificuldades sem água nas torneiras e somos gratos ao Ministério Público pela atuação em prol dessa conquista, com água para consumo humano. Agora, precisamos de mais água para o nosso cultivo”, declarou a agricultora.

Produção e renda na vila - Hoje, na Vila Lafayette existe beneficiamento de algodão e leite, que gera renda para alguns reassentados. De acordo com o presidente da associação, em breve haverá beneficiamento de óleo de gergelim e girassol, tudo em parceria com órgãos, associações e ONGs. Conforme constatado na recente visita feita pelo MPF, algumas famílias plantam e criam animais em seus terrenos, com águas de poços e cisternas, estando algumas delas inseridas no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Segundo a associação da vila, esse ano foi normalizado o pagamento de um salário-mínimo para cada uma das famílias reassentadas (pelo Governo Federal). Conforme foi relatado, houve alguns atrasos nesses pagamentos em anos anteriores.